segunda-feira, 21 de junho de 2010


O mês esta quase acabando, ainda tem muita coisa pra postar...falta tempo!!! Mas vamos lá, o blog esta de aniversário e estou postando artigos sobre escritoras...mulheres que fizeram a diferença e as quais eu gosto muito de ler, então recomendo: boa leitura.
Hoje vou de Martha Medeiros...atualíssima, é gaúcha de Porto Alegre, onde reside desde que nasceu. Fez sua carreira profissional na área de Propaganda e Publicidade, seu primeiro livro, Strip-Tease (1985), Editora Brasiliense - São Paulo, foi o primeiro de seus trabalhos publicados. Seguiram-se Meia noite e um quarto (1987), Persona non grata (1991), De cara lavada (1995), Poesia Reunida (1998), Geração Bivolt (1995), Topless (1997) e Santiago do Chile (1996). Seu livro de crônicas Trem-Bala (1999), já na 9a. edição, foi adaptado com sucesso para o teatro, sob direção de Irene Brietzke. A autora é casada e tem duas filhas.


A Voz Do Silêncio -

Pior do que a voz que cala,
é um silêncio que fala.

Simples, rápido! E quanta força!

Imediatamente me veio à cabeça situações
em que o silêncio me disse verdades terríveis,
pois você sabe, o silêncio não é dado a amenidades.
Um telefone mudo. Um e-mail que não chega.
Um encontro onde nenhum dos dois abre a boca.

Silêncios que falam sobre desinteresse,
esquecimento, recusas.

Quantas coisas são ditas na quietude,
depois de uma discussão.
O perdão não vem, nem um beijo,
nem uma gargalhada
para acabar com o clima de tensão.

Só ele permanece imutável,
o silêncio, a ante-sala do fim.

É mil vezes preferível uma voz que diga coisas
que a gente não quer ouvir,
pois ao menos as palavras que são ditas
indicam uma tentativa de entendimento.

Cordas vocais em funcionamento
articulam argumentos,
expõem suas queixas, jogam limpo.
Já o silêncio arquiteta planos
que não são compartilhados.
Quando nada é dito, nada fica combinado.

Quantas vezes, numa discussão histérica,
ouvimos um dos dois gritar:
"Diz alguma coisa, mas não fica
aí parado me olhando!"

É o silêncio de um, mandando más notícias
para o desespero do outro.

É claro que há muitas situações
em que o silêncio é bem-vindo.
Para um cara que trabalha
com uma britadeira na rua,
o silêncio é um bálsamo.
Para a professora de uma creche,
o silêncio é um presente.
Para os seguranças de um show de rock,
o silêncio é um sonho.

Mesmo no amor,
quando a relação é sólida e madura,
o silêncio a dois não incomoda,
pois é o silêncio da paz.

O único silêncio que perturba,
é aquele que fala.

E fala alto.

É quando ninguém bate à nossa porta,
não há emails na caixa de entrada
não há recados na secretária eletrônica
e mesmo assim, você entende a mensagem.

Marta Medeiros

terça-feira, 15 de junho de 2010

Ana Maria Machado



MEU BLOG COMPLETA ESTE MÊS 1 ANO. PARA COMEMORAR, VOU PUBLICAR ARTIGOS SOBRE AS GRANDES ESCRITORAS DO NOSSO TEMPO:

Ana Maria Machado

Na vida da escritora, os números são sempre generosos. São 40 anos de carreira, mais de 100 livros publicados no Brasil e em mais de 18 países somando mais de dezoito milhões de exemplares vendidos. Os prêmios conquistados ao longo da carreira de escritora também são muitos, tantos que ela já perdeu a conta. Tudo impressiona na vida dessa carioca nascida em Santa Tereza, em pleno dia 24 de dezembro.
Afastada profissionalmente da pintura, Ana passou a trabalhar como professora em colégios e faculdades, escreveu artigos para revistas e traduziu textos. Já tinha começado a ditadura, e ela resistia participando de reuniões e manifestações. No final do ano de 1969, depois de ser presa e ter diversos amigos também detidos, Ana deixou o Brasil e partiu para o exílio. A situação política se mostrou insustentável.

Na bagagem para a Europa, levava cópias de algumas histórias infantis que estava escrevendo, a convite da revista Recreio. Lutando para sobreviver com seu filho Rodrigo ainda pequeno, trabalhou como jornalista na revista Elle em Paris e na BBC de Londres, além de se tornar professora na Sorbonne. Nesse período, ela consegue participar de um seleto grupo de estudantes cujo mestre era Roland Barthes, e termina sua tese de doutorado em Linguística e Semiologia sob a sua orientação. A tese resultou no livro "Recado do Nome", que trata da obra de Guimarães Rosa. Mesmo ocupada, Ana não parou de escrever as histórias infantis que vendia para a Editora Abril.

A volta ao Brasil veio no final de 1972, quando começou a trabalhar no Jornal do Brasil e na Rádio JB - ela foi chefe do setor de Radiojornalismo dessa rádio durante sete anos. Em 76, as histórias antes publicadas em revstas passaram a sair em livros. E Ana ganhou o prêmio João de Barro por ter escrito o livro "História Meio ao Contrário", em 1977. O sucesso foi imenso, gerando muitos livros e prêmios em seguida. Dois anos depois, ela abriu a Livraria Malasartes com a idéia de ser um espaço para as crianças poderem ler e encontrar bons livros.

Algumas sugestões:

...para gente grande

"Para Sempre" (2001)
"A Audácia dessa Mulher" (1999)
"O Mar Nunca Transborda" (1995)
"Aos Quatro Ventos" (1993)
"Canteiros de Saturno" (1991)
"Tropical Sol da Liberdade" (1988)
"Alice e Ulisses" (1983)
"Recado do Nome" (1976)

Boa leitura!!

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Patricia Galvão, a Pagu.


MEU BLOG COMPLETA ESTE MÊS 1 ANO. PARA COMEMORAR, VOU PUBLICAR ARTIGOS SOBRE AS GRANDES ESCRITORAS DO NOSSO TEMPO:

"Sonhe. Tenha até pesadelos se necessário for. Mas sonhe." Patricia Galvão.

100 anos de Patricia Galvão, a Pagu.

No dia da comemoração do centenário de Pagu, 9 de junho, a imprensa de todo País dá destaque à musa do modernismo! Em Santos, no Jornal A Tribuna, PAGU é matéria principal da Capa. No Estadão, o Caderno de Cultura dá ampla divulgação. O Diário do Grande ABC também divulga os 100 anos de Patrícia Galvão.

Mas afinal, quem foi Patricia Galvão?
Jornalista, musa da 3ª. Geração do Modernismo Brasileiro, política militante, dissidente política, romancista, desenhista e poetisa, incentivadora da Cultura, mulher precursora, Patrícia Rehder Galvão, Pagu (1910 – 1962) é uma constelação de vozes e imagens. Ela foi precoce em tudo. Aos 12 anos, conheceu o diretor do primeiro filme neorrealista brasileiro, "Fome" (1931), Olympio Guilherme, com quem teve sua primeira experiencia sexual. Aos 19, começou um explosivo romance com o escritor Oswald de Andrade, levando-o a terminar seu casamento com a pintora Tarsila do Amaral. Aos 20 anos, militante, incendiou o bairro do Cambuci em protesto contra o governo provisório. E, aos 21, tornou-se a primeira mulher presa no Brasil por motivos políticos, substituindo num comício comunista um amigo estivador, morto em seus braços pela polícia.


Precoce? Corajosa? Lutadora? Ou uma mulher a frente do seu tempo? Talves precisemos de mais Pagu's no nosso tempo atual...aconselho as leituras sobre a homenageada do dia.



Um Peixe.

Um pedaço de trapo que fosse
Atirado numa estrada
Em que todos pisam
Um pouco de brisa
Uma gota de chuva
Uma lágrima
Um pedaço de livro
Uma letra ou um número
Um nada, pelo menos
Desesperadamente nada.

Patricia Galvão (1912-1962)


segunda-feira, 7 de junho de 2010

Perdas e Ganhos....


MEU BLOG COMPLETA ESTE MÊS 1 ANO. PARA COMEMORAR, VOU PUBLICAR ARTIGOS SOBRE AS GRANDES ESCRITORAS DO NOSSO TEMPO, PRÁ COMEÇAR:




Hoje venho falar um poquinho sobre uma escritora fenomenal: Lya Luft.
Ela aborda temas que não envelhecem e fazem parte da vida de todas nós, as mulheres. Lya é uma escritora que não tem receios em analisar seu passado, ela os encara e não se envergonha de suas fraquezas e desilusões.
No livro Perdas e Ganhos,Lya divaga, discute e versa, com ímpeto, compaixão, e muitas vezes bom humor, sobre velhice, amor, infância, educação, família, liberdade, homens e mulheres, gente de verdade... e conclui que o tempo passa mas as emoções humanas não mudam, revelando que é preciso reaprender o que é ser feliz.

Ela confirma que, tudo o que escreveu, nasceu do seu próprio amadurecimento, um trajeto de altos e baixos, pontos luminosos e zonas sombrias. Ela nos mostra uma gama de fatores sobre sua existencia, entendendo que a vida não tece apenas em teias de perdas, mas, nos proporciona, também, uma sucessão de valiosos ganhos.
Estamos sempre perdendo coisas, porém, ganhamos muitas outras, principalmente em experiência, que nos torna mulheres prontas para o amanhã, para a difícil tarefa que é envelhecer ou para momentos, os quais, nos ajudem a passar por todas as fases de nossa vida, com muito mais determinação e posicionamento, sem fugirmos da realidade que nos mostra os espelhos.

Lendo os textos de Lya Luft, pude ver que o horizonte não está tão longe assim. Que os piores momentos são sempre aqueles que mais crescemos e amadurecemos para a vida, e se dermos a outra face, teremos que estar preparados para sentir a mesma dor por duas vezes seguidas.