terça-feira, 18 de agosto de 2009

Eu tenho...


...defeitos difíceis de confessar, especialmente a inveja
Texto de Soninha Francine


Tempos atrás, recebi cumprimentos por ter dito, em um programa de televisão, que tenho inveja. (É bom deixar claro: não fui cumprimentada por ter inveja, mas por ter dito). O tema da discussão era “defeitos que as pessoas não gostam de confessar” ­ em contraponto aos populares “sou perfeccionista”, ou “acredito demais nas pessoas”. Não queria mostrar esse meu lado horrível, mas era essa a idéia.
Minha inveja já foi muito pior, mais violenta, e me fazia sofrer amargamente. Não a ponto de desejar o mal para alguém, torcer para que alguma coisa desse errado. Mas volta e meia me pegava pensando com raiva, com amargor: “Por que não eu?”; “Eu também quero!”
Na faculdade, morria de inveja de quem não precisava sair correndo depois da aula para trabalhar. Quem podia escolher o que fazer: ficar no Centro Acadêmico, passar a tarde na biblioteca, nadar, ir ao cinema. Ah, como eu queria... Como me incomodava alguém ter o que eu não podia ter.
Eu me torturava com as festas perdidas, as viagens não feitas, as turmas que não me incluíam. Parecia que o evento perdido tinha sido o mais divertido de todos os tempos ­ mas, até sem perceber, eu tentava desvalorizar o que não estava ao meu alcance: “Ainda bem que eu não fui. Detesto gente bêbada”. (...)

Inveja é um sentimento ruim. Não creio que faça mal a quem é objeto dela, como reza a crença popular, aquela coisa da “secada” ou mau-olhado. Faz mal ao sujeito da inveja. Envenena, intoxica, corrói. Mas, embora ela seja tão incômoda, é dificílimo reconhecer sua presença. Outras emoções aflitivas gozam de certo prestígio: raiva, ciúme... Sentimentos que as pessoas dizem “eu tenho, sim”. Elas têm defensores, até (“o ciúme é o tempero do amor”). A inveja não, ela é condenada em adesivos: “É uma m*”. “Não me inveje, trabalhe”.

Quem quer dizer que tem?
Admitir é um grande passo. Quando reconheci que o “sentimento de injustiça” que me movia era, no fundo, inveja, comecei a brincar com ela. Confessar a dor-de-cotovelo a tornava menos latejante. Até os mestres budistas admitem que sentimentos assim surgem na mente ­ só que eles conseguem não dar bola para eles. Não usam esse combustível.

Será que alguém é completamente livre de inveja? (...) (Soninha Francine)



Achei o texto interessante, e profundo. Será que temos coragem de admitir sentimentos como esse? Geralmente, a inveja é tão amaldiçoada que a gente já vai logo dizendo: a minha inveja é boa...

Uma inveja nunca é boa, mesmo que não seque a planta da vizinha, a inveja não é boa.

Acredito também no que diz a Soninha, que esse sentimento só faz mal para quem tem, o alvo da inveja não esta nem ai para o sofrimento de quem se corrói.

Admitir o sentimento ruim não deveria servir como muleta. O melhor mesmo é tentarmos não dar corda para ele. E entender quando os outros têm inveja da gente. Afinal, ninguém está livre de ter e nem de causar inveja não é mesmo?

Um comentário:

  1. Eita sentimento ruim essa naum...a inveja é apior B.... que já inventaram...rsrsrs
    Por melhor q a pessoa seja acho q todo mundo sente isso...seja "ela" uma inveja grande ou pequena...esta semmpre aos olhos de quem vê.

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